terça-feira, 18 de junho de 2013

A espera e a esperança

Eu ainda esperava o café da manhã na cama, os beijos matutinos despretensiosos, os elogios falsos para o resto do mundo, porém verdadeiros aos olhos de um amante.
Esperava uma rosa vermelha de R$ 1,50 ao final de um dia ruim, ou simplesmente uma visita inesperada no portão de casa aguardando que eu voltasse do trabalho.
Esperava até um e-mail com slides, desses que as tias costumam mandar, desejando-me um bom dia, uma boa tarde, uma boa semana.
Esperava um telefonema...
Na verdade, apenas desejava. Esperar é diferente.

Do café, só sinto o cheiro ao longe. Dos beijos e dos elogios, saudades.
A flor eu só vejo na banca do moço que todo dia me deseja um bom dia, uma boa tarde, uma boa semana... Mas ele não serve.
E no meu e-mail só dá spam. E na vida, também.
Sempre a mesma coisa desinteressante, sempre a mesma coisa descartável...

Descartável... Será?
Se descartei o que não era descartável uma vez, por que não faria duas vezes?

- Oi, boa tarde! Tudo bem? Me vê uma dúzia de rosas cor-de-rosa?

Um comentário:

  1. Parabéns, texto bem interessante e direto, bem Lispector por sinal, show do milhão!!! :)

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