quarta-feira, 31 de julho de 2013

A morte antes da vida. A vida depois da morte.

Eu já enterrei amizades
Eu já enterrei amizades eternas
Eu já enterrei paixões
E já enterrei supostos amores

Eu já enterrei desavenças
Eu já enterrei ódios
Eu já enterrei opiniões ruins a meu respeito
E já enterrei opiniões ruins e inapropriadas a respeito de outros

Eu já plantei sementes boas
Eu já colhi frutos ruins
Eu continuo plantando

Plantando para colher amigos como o que já enterrei
Para colher amores que ainda não achei
E para recolher os pedaços de mim que para terra entreguei



domingo, 14 de julho de 2013

O trânsito no Rio.

Eu lembrei de você e tive que dividir a saudade com a culpa. Foi ali, no vão central da ponte Rio-Niterói, que eu desejei nunca ter me despedido, ligar pedindo perdão por não ter ficado mais e poder dar a volta e voltar pros seus braços.
Mas fui eu quem disse "tchau". Sim, eu finalmente disse...
Você bem que insistiu, mas eu, como de costume, insisti mais e dei as costas.
E se eu ligasse? Ia ligar pra falar o que? Que já estava com saudades e que sentia muito? Podia até ser... Mas eu não liguei. Me senti ridícula só de ter pensado na hipótese e não o fiz.
E sobre voltar... Olhei para o outro lado da pista para saber como estava o trânsito, mas, ao tentar verificar, tive de cerrar os olhos por conta do sol forte que batera em minha vista. Depois de tal impedimento, vi que muita gente voltava da praia e, portanto, havia um leve congestionamento.
Tinha como voltar? Tinha.
Tinha se eu me dispusesse a voltar ao início da ponte para então fazer o caminho contrário.
Havia condições para isso? Havia.
Havia desde que estivesse disposta a suportar um certo tempo de espera e de certo estresse por conta do que havia no caminho.
Decidi botar os fones de ouvido e me contentar em fazer o caminho de casa, simplesmente.
Decidi que não tinha volta.

Não tem volta.